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Dois familiares de ex-chefe da Vigilância Sanitária foram vacinados no fura-fila

Depoimento de Caio Carvalho à Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Coronavírus, em 17 de maio de 2021. Foto: Divulgação/Câmara de Franca

Em depoimento à Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Coronavírus, da Câmara de Franca, o ex-cheve da Vigilância Sanitária, Caio Carvalho, reconheceu deu dois parentes dele foram vacinados com a sobra de doses dos frascos da vacina contra a covid-19. Ambos iriam completar 64 anos uma semana depois de quando receberam a dose. Com isso, ele antecipou a vacinação dos dois.

“Os critérios de utilização da xepa (sobra de doses em frascos abertos, que precisam ser aplicadas em poucas horas antes de perderem a eficácia) era a aplicação em idosos ou profissionais da saúde – e que as doses não poderiam ser desperdiçadas. Por causa disso, ele viabilizou a vacinação de dois parentes próximos, ambos com 64 anos, uma semana antes da sua faixa etária ser contemplada pelo cronograma oficial. Perguntado se as doses remanescentes não deveriam ser disponibilizadas à população em geral, Carvalho explicou que isso levaria ao caos, com uma demanda grande demais para ser atendida”, informou nota da Câmara.

O ex-chefe da Vigilância Sanitária é servidor municipal de carreira e tinha assumiu o cargo por indicação do prefeito Alexandre Ferreira (MDB). Depois da identificação dessas duas pessoas vacinadas no fura fila, ele foi exonerado do cargo e voltou para sua função dentro da Prefeitura. Durante seu depoimento na Câmara, nesta segunda-feira (17), ele comentou que a exoneração dele foi precipitada e feita como uma resposta do poder Executivo à polêmica.

Outro que também prestou depoimento foi Cleber Benedito, ex-chefe da Vigilância Epidemiológica. Cada um falou separadamente do outro para permitir que os vereadores da Frente pudessem comparar as explicações dadas. Benedito deu detalhes sobre o caso apurado como fura fila. Ele informou que em 9 de março houve a sobra de 24 doses e parentes próximos que eram idosos acabaram recebendo essas doses.

Cleber Benedito ainda apontou que a responsável pela Vigilância Epidemiológica do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Franca também colocou parente idoso para ser vacinado. “A Vigilância Epidemiológica armazena, distribui e controla o estoque das vacinas. O órgão passou a utilizar o protocolo de imunização da H1N1 (gripe suína) para a covid-19 e esse protocolo não é claro sobre o que fazer com a sobra técnica. Além disso, o protocolo da H1N1 acabou gerando falhas na listagem de vacinados, como profissionais da saúde com mais de 60 anos sendo classificados como idosos”, detalhou a Câmara, por meio de nota, ao divulgar os depoimentos.

O ex-chefe da Vigilância Epidemiológica ainda apontou que havia divergência sobre orientações do secretário municipal de Saúde, Lucas Souza, e do DRS de Franca. O titular da pasta da Saúde queria prioridade na vacinação de profissionais de saúde e a orientação do DRS era aplicar doses em idosos, de forma prioritária. Esse desencontro teria causado problemas na hora de definir o público que seria imunizado com a xepa. Cleber Benedito garantiu que Lucas Souza sabia sobre a situação da sobra de doses desde 4 de fevereiro, mas não determinou a elaboração de uma lista oficial de espera foi montada.

Colheram depoimento dos servidores municipais os vereadores Donizete da Farmácia (MDB), o presidente da comissão; e os membros Gilson Pelizaro (PT), Marcelo Tidy (DEM) e Lurdinha Granzotte (PSL).

“A partir de agora, temos que realizar novas rodadas de entrevistas. Precisamos conversar com o secretário de Saúde Lucas Souza e os chefes responsáveis pela Atenção Básica [que também organizaram a campanha de vacinação]. Os ex-chefes da Vigilância justificam as imunizações de parentes porque estavam atendendo a determinação legal, mas checaremos a moralidade disso e se houve algum tipo de vantagem. Também entendemos que há uma divergência entre o relatório da sindicância e o relato dos ex-chefes da Vigilância. Vamos verificar se existem por escrito todas essas orientações e por que houve esse conflito de informações”, comentou Gilson Pelizaro.

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