Levantamento feito pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil) mostrou que o ano de 2020 foi o mais mortal para Franca na história. Os óbitos atribuídos à covid-19 contribuíram para o aumento considerável de registro. A série histórica passou a ser feita nos municípios em 2002 e, até então, nunca tantos moradores da cidade morreram em um só ano.
Os cartórios de Franca registraram, em 2020, um total de 2.835 óbitos. Aumento de 10,6% com relação a 2019, superando a média histórica de variação anual de mortes no município que era, até 2019, de 2,1% ao ano. Desse total, oficialmente a Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Franca confirmou que 290 moradores da cidade morreram em decorrência de complicações da covid-19 entre abril de 2020 e este domingo (7). Somente neste dia 7, cinco pacientes constaram na estatística.
“O número de óbitos registrados em 2020 pode aumentar ainda mais, assim como a variação da média anual, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência. Além disso, alguns Estados brasileiros expandiram o prazo legal para registro de óbito em razão da situação de emergência causada pela covid-19”, informou nota da Arpen-Brasil.
A estatística também mostra que as doenças cardíacas, uma das comorbidades que potencializam o risco de morte após a contaminação da covid-19, sofreu aumento de 33,4% na comparação entre 2019 e 2020. Em números consolidados, passou de 482 para 643. “Entre as doenças do coração, o registro que apontou maior crescimento foi o de mortes por Causas Cardiovasculares Inespecíficas, que cresceu 148% entre os anos, sendo que o aumento dos óbitos em domicílio é uma das explicações para o diagnóstico inespecífico das mortes causadas por doenças do coração”, detalhou a Arpen-Brasil.
A análise segue também para outros tipos de doença. No estado de São Paulo, as doenças respiratórias cresceram 27,5% no mesmo período comparativo. A Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrou aumento de 723%, e as Causas Indeterminadas, 26,7%. Em relação às doenças cardíacas, a comparação entre os dois anos mostra um crescimento de 6,4%, com a maior alta por Causas Cardiovasculares Inespecíficas, 50%.
Mortes em casa
Uma outra situação constatada com o estudo é que as pessoas pararam de buscar tratamentos de rotina nos hospitais, bem como houve falta de leitos em alguns períodos e pacientes terminaram morrendo em casa. Os registros de óbitos, feitos com base nos atestados assinados pelos médicos, apontam que 18 moradores de Frabca morreram de covid-19 em suas casas, no ano de 2020.
“Os óbitos por Causas Cardíacas fora de hospitais no Brasil também cresceram em 2020, com registro de aumento de 177,9% na comparação com o ano anterior. Neste tipo de doença, o maior aumento se deu nas chamadas Causas Cardiovasculares Inespecíficas (655,5%), muito em razão de o falecimento ocorrer sem assistência médica, dificultando a qualificação da doença. Também cresceram os óbitos em casa por Acidente Vascular Cerebral (AVC), aumento de 133%. Já em nível estadual, os óbitos em domicílio cresceram 15,3% no mesmo período comparativo, aumentando em 1.600% as mortes por SRAG, 11,6 por Septicemia e 47,9 por Causas Indeterminadas. De acordo com os atestados médicos, 1.492 paulistas morreram de covid-19 em suas casas. Os óbitos por Causas Cardíacas fora de hospitais tiveram alta de 22,4% em 2020. As Causas Cardiovasculares Inespecíficas (118%) e o AVC (18,6%) aparecem em seguida”, especificou a associação.
Primeiro registro no país
A covid-19 é uma doença altamente contagiosa que já deixou quase 2 milhões de mortos no mundo. A primeira morte em decorrência da infecção pelo novo coronavírus foi registrada no Brasil no dia 16 de março. Entre seus sintomas, estão tosse seca, coriza, dor no corpo e febre – todos muito semelhantes aos apresentados em casos de gripes e resfriados. Mais de 200 mil pessoas já faleceram no Brasil vítimas da doença.
Sobre a Arpen-SP, a entidade foi fundada em fevereiro de 1994 e representa os 836 Cartórios de Registro Civil do Estado de São Paulo, que atendem a população em todos os 645 municípios do Estado, além de estarem presentes em outros 169 distritos e subdistritos, realizando os principais atos da vida civil de uma pessoa: o registro de nascimento, casamento e óbito.
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