A Fundação Espírita Allan Kardec figura entre as instituições filantrópicas mais antigas de Franca e completará 100 anos no dia 19 de novembro. José Marques Garcia foi o precursor de todo serviço e cuidado em saúde mental prestado pela Fundação. A data será festejada com uma confraternização aberta à comunidade, diretores, colaboradores, voluntários e pacientes.
A festa acontecerá no dia 19, sábado, das 9h às 13h, no Bosque Beija-Flor, localizado no Complexo da Fundação Allan Kardec, no Bairro Cidade Nova. Além do tradicional bolo e um caprichado café da manhã, os convidados poderão conhecer mais sobre a história e os serviços prestados aos moradores de Franca e toda região, além de apreciar boa música e atrações para a criançada.
“Vai ser uma festa digna de cem anos, porque não é fácil uma instituição percorrer todo esse tempo, sobretudo com as mudanças do último século, tecnológicas e de comportamento, e a Fundação Espírita Allan Kardec permaneceu firme no seu propósito. No dia 19, vamos fazer uma grande festa, um encontro de integração com muita alegria e gratidão, pela oportunidade que temos de prestar um serviço relevante às famílias de Franca e região”, afirmou Fernando Palermo, vice-presidente da Fundação.
A Fundação Espírita Allan Kardec chega ao seu centenário protagonizando uma verdadeira revolução na saúde mental de Franca. A transformação no atendimento de psiquiatria prestado pela Fundação é fruto do pioneirismo plantado por José Marques Garcia (1862-1942), na década de 1920, e faz de Franca uma referência na área, através da parceria entre Allan Kardec, Poder Público e comunidade.
Tudo começou no ano de 1902, quando um grupo de crianças atirava pedras contra uma pessoa com transtornos mentais e, no mesmo local, caminhava José Marques Garcia. Ele também acabou atingido por uma pedrada na testa.
Incomodado com a marginalização dos enfermos mentais na cidade, ele passou a acolhê-los, em sua própria residência, dando auxílio e tratamentos possíveis.
Neste período, José Marques teve um sonho no qual era orientado a procurar por uma pessoa que lhe apoiaria no projeto. Acordou pela manhã e foi até o local sugerido. Quando chegou, o homem que o esperava narrou que também havia tido um sonho parecido, onde era informado que receberia a visita de uma pessoa e que deveria ajudá-la. Na ocasião, decidiu que doaria terras para a construção de uma estrutura adequada.
Pela necessidade de aumentar e melhorar o atendimento que prestava em casa, José Marques Garcia construiu, então, algumas pequenas casas para abrigar os enfermos. Surgia aí, em 19 de novembro de 1922, o Asilo Allan Kardec, na antiga Rua Irmãos Antunes, hoje Rua José Marques Garcia, no bairro Cidade Nova, em Franca.
Historicamente, a segunda entidade psiquiátrica do país, em 3 de outubro de 1933, passou-se a se chamar Casa de Saúde Allan Kardec.
Em 31 de março de 1966, a entidade adquiriu personalidade jurídica, adequando-se às exigências dos setores de saúde e administração pública, inaugurando novos pavilhões para acolhimento de um número crescente de pacientes.
Com a expansão e a diversificação das atividades, em 8 de dezembro de 1972, a entidade adquiriu o nome que carrega até hoje: Fundação Espírita Allan Kardec.
Desde a sua fundação até o ano de 1969, o trabalho desenvolvido no acolhimento dos portadores de doenças mentais era mantido por donativos filantrópicos da comunidade.
A partir de 20 de julho de 1970, foi firmado convênio com a Secretaria de Estado da Saúde – Coordenadoria da Saúde Mental, para atendimento a 100 leitos, sendo 50 masculino e 50 feminino.
Nesta época, recebia por leito/dia efetivamente ocupado, prevalecendo até a data de 31 de dezembro de 1987. A partir de 1988, foi firmado convênio com órgãos públicos, passando a receber subvenções do Estado. No final de 1989, o convênio contemplava 200 leitos por pacote.
“A Fundação completa cem anos passando por um processo de reformulação muito importante, que visa modernizar o atendimento psiquiátrico, em consonância com as diretrizes do Ministério da Saúde. Estamos em um processo onde se diminui a questão hospitalar, a oferta de leitos, mas aumenta, por outro lado, os serviços ambulatoriais, como por exemplo os CAPSs, o Desenvolvimento Humano e também as Residências Terapêuticas. É uma grande modificação no processo, mas a Fundação segue dinâmica e estamos planejando os próximos cem anos”, disse Mario Arias Martinez, presidente da instituição.