O aumento das denúncias, operações de fiscalização e monitoramento ambiental traz resultados positivos na proteção da fauna silvestre do Estado. De janeiro até agora, o Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres (Cetras-SP), da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), já recebeu 7.551 animais, destes 70% são vítimas do tráfico de animais silvestres.
O Centro recebe indivíduos apreendidos em fiscalizações em rodovias estaduais e federais que cortam o Estado, unidades de conservação, nas chamadas ‘feiras do rolo’, ou apreendidos em cativeiros irregulares mediante denúncias. O número inclui ainda a entrega espontânea de animais adquiridos por comércio ilegal e que eram mantidos em cativeiro.
Assim que chegam ao Cetras-SP, os animais, entregues voluntariamente, são atendidos segundo o histórico da ocorrência. Em sua maioria, apresentam distúrbios comportamentais e nutricionais, necessitando de cuidados de curto e de longo prazo. Já as ocorrências de interceptação em rodovias, com abundância de animais recém-capturados, aglomerados, sem alimentação e desidratados, precisam de cuidados intensivos no momento da chegada.
Uma vez reabilitados, os animais são devolvidos para seus ambientes naturais. O Cetras-SP possui parceria com áreas de soltura cadastradas no estado de SP e com órgãos ambientais de outros Estados para a soltura dos animais. Cerca de 70% são devolvidos à natureza. Os que não conseguem se adequar são encaminhados para zoológicos e outros empreendimentos de fauna legalizados.
A situação desses animais tem relação, em muitos casos, com um desconhecimento do processo ambiental. “Há pessoas que não entendem que o tráfico de animais silvestres só existe porque há quem compre esses animais”, avalia Patrícia Locosque, Coordenadora de Fauna Silvestre da Semil. “Imaginam que, ao adquirir um filhote de um papagaio, por exemplo, estão fazendo o bem por cuidarem e protegerem o animal, mas se isentando da responsabilidade pelo histórico anterior daquele filhote na retirada criminosa do ninho”, acrescenta. Ainda segundo ela, a longo prazo, os impactos negativos para as populações das espécies são inegáveis.
ESPÉCIES – Nos últimos cinco anos, as aves estão entre as mais afetadas. A lista é encabeçada pela coleirinha (Sporophila caerulescens), seguida pelo picharro (Saltator similis), canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola), jabuti-piranga (Chelonoidis carbonaria), galo-da-campina (Paroaria dominicana), papa-capim (Sporophila nigricollis), papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), pintassilgo (Sporagra magellanica), pássaro-preto (Gnorimopsar chopi) e pelo tico-tico (Zonotrichia capensis).