Desde 15 de abril, o Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca) lançou campanha para obter arrecadação de alimentos e materiais de higiene. O chamado foi feito para a comunidade empresarial de Franca. O município tem mais de 300 fábricas de calçado de diferentes portes, além de cerca de 37 mil micro e pequenas empresas. O valor de uma cesta básica com 20 itens custa em torno de R$ 122 em Franca.
Apesar dessa campanha, durante os três meses de vigência dela foram arrecadadas 30 cestas básicas. Essas doações, conforme o Sindifranca, já foram destinadas para trabalhadores do setor calçadista. Por conta da baixa adesão, ela permanece aberta para receber mais produtos.
A decisão em dar andamento a esse apoio emergencial ocorreu por conta do fim de postos de trabalho envolvendo principalmente as bancas de pesponto. Com as vendas das fábricas diminuindo com a pandemia do novo coronavírus e a produção dos pedidos sendo paralisada, os trabalhadores que atuam de forma contratada e com ganhos altamente dependente da demanda das indústrias passaram a ficar sem salário.
A crise social que passou a se instalar no setor foi levada para a Câmara de Vereadores por representantes das bancas de pesponto no mês de abril. A Prefeitura de Franca também realizou um cadastro de trabalhadores e donos de bancas de pesponto para ter a dimensão do número de pessoas envolvidas nesse ramo e desenvolver políticas de apoio. O período de cadastro já foi finalizado e os dados coletados estão sendo analisados pelo poder público municipal desde o começo de julho.
O presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão do Couto, reconheceu que a adesão à campanha por parte do setor empresarial da cidade foi baixa. Em junho, que foi o primeiro período de contabilização da doações, nada tinha sido arrecadado. “O motivo é a paralisação das empresas, do varejo e, com isto, a falta de vendas. As empresas estão em situação muito difícil. Elas não têm condições financeiras para contribuir”, analisou.
Só em março deste ano, antes da pandemia do novo coronavírus atingir o Brasil, 1.550 demissões foram feitas no setor. Em abril, ocorreram outras 1.625 demissões. Para maio, a previsão foi de 1.132 pessoas que perderam o emprego com carteira assinada no setor calçadista. Em dezembro de 2019, o polo calçadista francano tinha 14.402 pessoas empregadas. Esse número reduziu para 11.227 em abril deste ano (número estimado) e pode cair A média salarial dos trabalhadores no setor é de R$ 1.625, dados do Caged de 2019.
O Instituto de Economia da ACIF divulgou que em Franca, entre janeiro e junho deste ano, 10.193 vagas de trabalho foram fechadas. O prejuízo ao setor produtivo causado por conta da pandemia da Covid-19 na cidade foi estimado em R$ 610 milhões.
Outras iniciativas para distribuição de alimentos
Além da campanha do Sindifranca para tentar distribuir cestas básicas no município, a Prefeitura mantém ativa uma Central de Alimentos, gerenciada pela Secretaria de Ação Social, para cadastrar pessoas que necessitem de produtos alimentícios.
O telefone para solicitar ajuda com a doação de cesta é o (16) 3711-9809. Por conta da alta demanda, em geral há fila de espera para ser atendido.
Só com doações da comunidade, o governo municipal conseguiu distribuir 2 mil cestas básicas até maio deste ano. Outras 4 mil cestas básicas foram entregues a famílias de crianças e jovens matriculados em creches e escolas municipais entre abril e maio de 2020. Esses alimentos seriam destinados para a merenda escolar, mas com a suspensão das aulas foram direcionados para as cestas básicas. Há outros R$ 2 milhões dos cofres públicos que foram direcionados para a compra de cestas básicas pelo período de 6 meses.
Quem tiver interesse em realizar doação de alimentos pode verificar como ajudar nesse link.
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