Morreu nesta quinta-feira (24/10), aos 66 anos, José Adilson Rodrigues dos Santos, conhecido como Maguila. O ex-lutador de boxe foi vítima de demência pugilística. Ele sofria de Encefalopatia Traumática Crônica (ETC); trata-se de uma doença incurável, similar ao mal de Alzheimer, causada por golpes frequentes na cabeça – motivo pelo qual atinge muitos lutadores.
A informação foi confirmada pela esposa do ex-atleta, Irani Pinheiro, para uma emissora de TV. “A gente teve momentos bons, momentos ruins, mas Deus sempre esteve conosco”, contou.
Uma das últimas aparições de Maguila foi em abril, quando a família compartilhou um vídeo em que o ex-atleta praticava boxe ao ar livre. A prática o ajudava a manter a saúde mental perante a doença. “Mais um dia de treino com nosso peso-pesado”, escreveram na legenda das imagens.
Ele anunciou a aposentadoria do esporte nos anos 2000 e tentou apostar na carreira de cantor, um dom que os fãs desconheciam.
Maguila era casado com Irani Pinheiro há mais de 40 anos.
No ano passado, a TV Cultura lançou Maguila, Um Lutador – minissérie de dois episódios, inspirada na carreira do boxeador.
Cérebro para estudo
Em 2018, a lenda do boxe brasileiro, José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, concordou em doar seu cérebro para pesquisa.
Há seis anos, Maguila preencheu uma “declaração de vontade”, manifestando o interesse em doar o cérebro à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). A instituição conta com um grupo que estuda as consequências de impactos repetidos na cabeça de atletas que praticam futebol, boxe e rúgbi, por exemplo.
Segundo a universidade, o documento deve ser assinado e ter firma reconhecida em cartório em duas vias — uma via fica com a faculdade e a outra, com o próprio ex-atleta ou a família. Esta é a primeira etapa do processo.
Após a morte do interessado na doação, vem a segunda fase. A família de Maguila precisa registrar um boletim de ocorrência comunicando seu falecimento e, em seguida, entrar em contato com o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) da capital paulista, que fica dentro da própria Faculdade de Medicina.
Em seguida, o corpo é levado até o SVO, a “declaração de vontade” é apresentada e a disciplina de Topografia — que receberá o cérebro — é notificada.
“A partir daí é feito o preparo do cadáver no próprio SVO e, posteriormente, encaminhado para a disciplina de Topografia, para armazenamento e preservação na câmara fria, em baixíssima temperatura”, explicou a FMUSP.
O g1 tentou entrar em contato com a família do boxeador para saber se a doação, de fato, será realizada, porém, não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Títulos
Entre os títulos, Maguila tem o Mundial de Boxe, em 1995, pela Federação Mundial de Boxe.
Campeão brasileiro
Campeão sul-americano
Campeão latino-americano
Pentacampeão continental
Campeão das Américas
*Matéria Metrópoles e G1