Um grupo de pesquisadores de neurologia conseguiu implantar e depois remover memórias falsas de diferentes pessoas durante um estudo. O objetivo do experimento era demonstrar como era relativamente simples e fazer com que a mente de alguém se lembre de algo que, na verdade, nunca aconteceu, além de abrir caminho para a compreensão do funcionamento da memória.
A presença de memórias falsas é algo relativamente comum entre humanos. Isso acontece porque nosso cérebro não é lá muito habilidoso no momento de registrar os eventos que acontecem conosco, mas essas falhas podem nos prejudicar de alguma forma, como no momento de dar um testemunho em um tribunal, por exemplo.
Contudo, este estudo publicado na conceituada revista Proceedings of the National Academy of Sciences, é o primeiro em que cientistas evidenciam que essas memórias podem ser revertidas. “Da mesma forma que você pode sugerir falsas memórias, você pode inverter-los, dando às pessoas um enquadramento diferente”, a líder do estudo, Aileen Oeberst, ao portal Gizmodo.
Conforme o tempo passa, as memórias vão ganhando uma importância diferente nas nossas vidas, enquanto a memória de curto prazo permite que os humanos revivam momentos, as de longo prazo ajudam a reconstruir nossa identidade pessoal. Porém, quanto mais antiga uma memória, menos clara ela é.Segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (12) na revista Plos One, questões relacionadas ao trabalho impactam os níveis de estresse, consumo de álcool e atritos de profissionais da área jurídica de forma diferente de acordo com o gênero.
A pesquisa foi realizada nos Estados Unidos por Justin Anker, da Faculdade de Medicina da Universidade de Minnesota e Patrick Krill, da empresa Krill Strategies LLC. Outros estudos também realizados país apontaram que as advogadas possuem taxas particularmente elevadas de depressão, ansiedade e uso indevido de substâncias.
“À medida que o campo da pesquisa da memória se desenvolveu, ficou muito claro que nossas memórias não são ‘gravações’ do passado que podem ser reproduzidas”, disse o pesquisador de memória da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, Christopher Madan, que não participou do estudo, ao Gizmodo. Ele descreve as memórias como “reconstruções, mais próximas de imaginações informadas por sementes de experiências verdadeiras”.
Dinâmica do estudo
A mente humana é capaz de fabricar um evento inteiro apenas juntando fragmentos de histórias, fotografias e histórias contadas por outras pessoas. Com base nisso, Oeberst e sua equipe usaram técnicas de entrevista para sugerir para 52 voluntários o que eles queriam.
Primeiro, eles fizeram com que os pais dos participantes respondessem a um questionário com o objetivo de criar algumas memórias da infância, todas elas falsas e de natureza negativa. Um exemplo disso era a morte de um animal de estimação e um outro a perda de um brinquedo favorito.
Em seguida, foi pedido que os participantes detalhassem esses eventos inventados usando as técnicas de entrevista, dizendo coisas como: “Seus pais nos disseram que quando você tinha 12 anos durante umas férias na Itália com sua família, você se perdeu. Você pode me falar mais sobre isso?”
Após três encontros com o entrevistador, um a cada 15 dias, a maior parte dos participantes acreditava que essas histórias eram verdadeiras e 56% desenvolveu e “recordou” detalhes das memórias falsas. Essa porcentagem é significativamente maior que o observado na maior parte de estudos do tipo.
Para o revisor do estudo, Henry Otgaar, este trabalho tem a importância de mostrar como a implantação de memórias falsas é algo relativamente falso, ao contrário do que se pensa no senso comum.
“Na verdade, o que vemos em experimentos de laboratório é altamente provável que seja uma subestimação do que vemos em casos do mundo real”, disse Otgaar. Um policial ou um terapeuta está sugando a busca pela memória das pessoas que talvez não existam por semanas, durante meses, de forma altamente sugestiva”.
Reversão de falsas lembranças
Contudo, a maior novidade do estudo é a demonstração de como pode ser igualmente simples a reversão dessas memórias falsas. Além disso, foi observado que saber a verdade sobre os acontecimentos sequer chega a ser algo necessário para reverter as lembranças irreais.
Para isso, um outro entrevistador pediu aos participantes do estudo que eles identificassem se alguma de suas memórias poderia ser falsa, usando uma técnica de entrevista parecida. Desta vez, eles faziam algumas críticas à história que estava sendo contada e pediam que eles informassem qual era a fonte exata daquela memória, ou seja, o que as fazia lembrar daquele evento.
Depois disso, eles explicavam que quando pessoas são expostas a pressão, tendem a lembrar de algo que provoque memórias falsas. Com isso, uma parte dos participantes acabou sendo persuadido de que suas memórias eram falsas, mas isso não aconteceu com todos eles.
Alguns demonstraram que tinham recuperado a confiança em uma intuição inicial, de que haviam feito algo, mas não lembravam. Como se recuperassem o poder de confiar em suas próprias memórias. Aileen Oeberst descreve o processo mental deles como algo parecido com: “Não me lembro disso e talvez não seja minha culpa, talvez sejam realmente meus pais que inventaram algo ou eles estavam errados”.
Porém, as memórias não desapareceram por completo para todos, já que entre 15% e 25% dos participantes ainda acreditavam que suas memórias falsas, na verdade, eram reais. Isso é próximo do número de pessoas que que aceitaram que as lembranças eram reais logo após a primeira entrevista. Depois de um ano, 74% dos voluntários ainda sabia quais memórias eram reais e quais eram falsas ou sequer se lembravam das experiências que foram plantadas.
*Matéria Olhar Digital, com F3 Notícias
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