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Comunicador Milton Cunha faz alerta sobre a violência transgênero que existe; na região de Franca há casos recentes

A escola de samba Paraíso do Tuiuti levou para a passarela, no Rio de Janeiro, a discussão sobre a violência de gênero e também a necessidade de visibilidade das pessoas.

O apresentador Milton Cunha, durante o desfile, ainda fez uma fala para alertar sobre esses casos de violência e abordou que o preconceito e as agressões podem começar contra crianças e se estende por adultos. A fala ocorreu durante transmissão ao vivo na TV Globo, nesta terça-feira.

“Todos os seres humanos, parem de nos matar. O Brasil é o País que mais nos mata no mundo. É dramático, é veemente, cada dedo que nos aponta, cada olhar, nós somos crianças espancadas, somos crianças jogadas pro escanteio. A gente não pode ir na sala, porque os vizinhos, os juízes, os diretores de colégio, os padres, todo mundo odeia a gente”, disse o comunicador.

Na região, a violência de gênero tem sido registrada em diferentes momentos.

Ano passado, um homem de 32 anos foi condenado a um ano de prisão em regime aberto por injúria qualificada por preconceito e lesão corporal após atacar uma mulher transgênero em maio de 2022, durante show da Expoagro.

Em 2020, uma então estudante com 19 anos foi agredida por um grupo de homens na praça Sabino Loureiro, na Estação. Em 2023, uma mulher trans com 18 anos na época foi agredida verbalmente em lanchonete no Esmeralda.

Já no ano passado, uma mulher trans de 26 anos foi assassinada e teve o corpo escondido em um colchão em Guaíra. Um homem de foi condenado a 23 anos de prisão pelo crime, em janeiro de 2025.

Durante as eleições municipais de 2024, Lê Magalhães, que foi candidato a vereador de Franca pelo PSOL, denunciou ao Ministério Público Estadual que foi alvo de uma ameaça de morte enviada ao seu e-mail institucional da Unesp. Este incidente ocorre pouco mais de um ano após ele ter recebido uma ameaça semelhante, na época em que era coordenador geral do Centro Acadêmico de Direito, que continha frases nazistas, LGBTfóbicas e racistas.

O estudante de 21 anos identifica-se como trânsgenero, com orientação bissexual. Ele nasceu em Muzambinho (MG), mas vive em Franca, onde estuda na Unesp. No caso de Lê Magalhães, apesar das denúncias, ainda não foi divulgado oficialmente o andamento do caso.

Veja o vídeo:

Com o enredo Quem Tem Medo de Xica Manicongo, a escola colocou 28 pessoas trans na avenida, incluindo figuras políticas como as deputadas Erika Hilton (PSOL) e Duda Salabert (PDT).

“Eu, do meu lugar de fala, tiro o chapéu para escolas de samba como a Tuiuti, tiro o chapéu para o presidente [Renato] Thor, por ter coragem de nos trazer, nós LGBTQIAPN+, excluídos, apontados e assassinados para esse lugar de visibilidade que é a Marquês de Sapucaí”, falou o comentarista ao exaltar a Tuiutí. .

Xica Manicondo

Xica Manicongo é considerada a primeira travesti não indígena do Brasil e teve sua história contada pela Paraíso do Tuiuti. Escola de samba desfilou nesta noite no último dia de desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro.

Nascida no século 16 no Congo, Xica foi trazida ao Brasil como escravizada e viveu em Salvador, onde trabalhava como sapateira na Cidade Baixa. Seu sobrenome, “Manicongo”, era um título usado no Reino do Congo para se referir a líderes e divindades, o que sugere uma posição de importância em sua terra natal.

Xica foi denunciada em 1591 ao Tribunal do Santo Ofício por “crime de sodomia”, acusação feita pelo português Matias Moreira. Entre os “delitos” apontados estavam sua orientação sexual e a forma como se vestia, contrariando as normas impostas pela colônia. Como punição, foi forçada a vestir roupas masculinas e adotar um nome masculino, sob pena de ser queimada viva caso não cumprisse.

*Com Terra e UOL

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