Obras intermináveis no Centro de Franca, na praça Nossa Senhora da Conceição, um dos cartões postais de Franca, que eram para estar prontas para os 200 anos da cidade, em 2024, seguem ainda sem definição e arrastando-se. Só em dinheiro público estão sendo gastos R$ 2,5 milhões. Arrastado junto com esse problema no Centro de Franca, o comércio central, que já foi forte, também apresenta decadência e o que há hoje são dezenas de lojas fechadas há meses.
Quem frequenta ou é morador do Centro de Franca e do entorno sugere que a sensação é de que há passos largos para o local virar uma cracolândia.
A região vem se tornando um local de menos prestígio com esse acúmulo de crises. É também no Centro que vem se concentrando moradores em situação de rua e casos de tráfico de drogas. Questões que se agravam à medida que poucas intervenções efetivas acabam sendo realizadas.
Por conta das obras atrasadas no calçamento, comerciantes comentaram que pedestres já tropeçaram e caíram na calçada. O prazo para execução da reforma das praças Nossa Senhora da Conceição e Barão era de até 180 dias, em torno de 6 meses, a partir de janeiro de 2024. Porém, a empresa contratada não conseguiu o cumprimento e a Prefeitura de Franca, responsável pela fiscalização do contrato, também não teve medidas que compensassem a situação.
A licitação da Prefeitura de Franca que definiu a empresa vencedora ocorreu em 2023. O extrato de contrato do certame foi publicado no Diário Oficial em 16 de dezembro do ano passado. A empresa Terra Incorporadora e Construtora Ltda foi quem venceu a disputa e está recebendo pela conclusão da obra R$ 2.423.118,56.
Entre os impactados estão também os taxistas que têm ponto em volta da praça. Nesse local, são 14 profissionais desse setor de transporte. Com o fluxo menor de pessoas transitando na região, as corridas acabaram sendo reduzidas em mais de 10%, relataram os profissionais.
Rei do crack no Centro de Franca
Depois de denúncias, ano passado, a Polícia Militar conseguiu prender um homem identificado como Michel Kaleu Rodrigues, apontado pelas autoridades como o “Rei do Crack”. Ele vinha atuando na comercialização de drogas na praça Barão, no Centro de Franca. O investigado ficava no local ao longo do dia, em diferentes horários, para fazer a venda de droga.
Quando ele foi preso, estava com 69 pedras de crack, 59 pinos de cocaína e porção de maconha, além de R$ 147 em dinheiro. Apesar da prisão, o movimento do tráfico já retornou para região.
O que pode ser feito
Por parte da Prefeitura de Franca, não há um plano estratégico amplo ainda focado. Associação do setor comercial não tem apresentado publicamente medidas vigorosas também.
Na Câmara, formou-se uma comissão para tentar erguer o setor comercial, mas segue em discussões. Ainda houve, nesta quarta-feira, audiência pública para debater políticas mais assertivas voltadas para o cenário de degradação do abandono que envolve moradores de ruas e os problemas sociais e econômicos envolvidos. Uma frente parlamentar vai ser formada para tratar do assunto.
“Precisamos achar caminhos, políticas públicas para que a gente verdadeiramente encare esse problema com seriedade com políticas que realmente vão trazer melhoria e segurança para a nossa cidade”, sugeriu o vereador Fransérgio Garcia (PL), que promoveu nova audiência pública sobre a situação de moradores de rua neste dia 26/2.
Desde janeiro de 2025 também passou a funcionar a frente parlamentar Viva o Centro. Mais uma tentativa de se atuar no Centro de Franca. “As pessoas precisam trabalhar, mas precisam trabalhar de forma ordenada. Há uma insatisfação tanto da população moradora quanto da população que tem o seu comércio. Se trata de um assunto muito amplo, porque envolve muitas causas, inclusive as sociais. A frente buscará ouvir todos os envolvidos para construir boas ideias”, comentou o vereador Marcelo Tidy, que é do mesmo partido do prefeito Alexandre Ferreira, o MDB. Foi ele quem sugeriu a criação da frente parlamentar.
Ainda não houve apresentação de resultados ou encaminhamentos essa frente parlamentar criada pelo Projeto de Resolução nº 1 de 2025. Ela é presidida pelo vereador Marcelo Tidy (MDB) e ainda tem os vereadores Leandro O Patriota (PL) como vice presidente e Fransergio Garcia (PL), relator.
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