O estado de São Paulo ficou em terceiro lugar na exportação de calçados, em 2024, e ainda registrou queda nas vendas. Rio Grande do Sul e Ceará lideram o ranking, e também tiveram queda. A Bahia, onde abriga empresa que tinha produção antes feita em Franca, teve uma leve alta. A cidade de Amargosa é que vem destacando-se no setor.
Já no Ceará, as cidades de Quixeramobim e Senador Pompeu, além de Tauá e Caridade estão consolidadas como polos. O estado do Nordeste exportou seis milhões de pares de calçados a menos em 2024 na comparação com 2023.
Relatório da Associação Brasileira da Indústria Calçadista (Abicalçados) com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgou esses números. A estatística representa, em dados percentuais, uma queda de 17,5%.
Exportações por estado
Rio Grande do Sul: US$ 35,4 milhões
Ceará: US$ 18,7 milhões
São Paulo: US$ 6,7 milhões
Bahia: US$ 3,3 milhões
Paraíba: US$ 3,06 milhões
Minas Gerais: US$ 2,4 milhões
Paraná: US$ 1,1 milhão
Santa Catarina: US$ 1,06 milhão
Rio de Janeiro: US$ 327,2 mil
Mato Grosso do Sul: US$ 88,6 mil
Outros: US$ 150,1 mil
Fonte: Secex; elaborado pela Abicalçados
Foram 30,1 milhões de pares de calçados do Ceará enviados ao exterior em 2024. Já em 2023, o número de pares foi de 36,6 milhões. Em valores, a perda foi de cerca de R$ 66 milhões entre 2023 e 2024 (queda de 24,9%). O valor médio por par também teve retração de 9%.
A baixa nas exportações calçadistas não foi exclusividade do Ceará. De 10 estados presentes no relatório da Abicalçados, apenas dois não tiveram queda em valores. Foi o caso da Bahia, com tímido resultado de 2,1% de crescimento, e do Mato Grosso do Sul, com avanço de 335%.
Duramente impactado pela tragédia climática do ano passado, o Rio Grande do Sul, maior produtor calçadista do Brasil, também teve quedas em valores (-10,9%), número de pares (-8,6%) e no valor médio por par (-2,6%).
O estado gaúcho e o Ceará concentram boa parte da produção de calçados do Brasil. Se por um lado as exportações de calçados amargam resultados negativos, por outro, a produção calçadista dá sinais positivos.
Para o professor de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ulysses Reis, a tendência é que a competição internacional quando se fala de mercado calçadista aumente. “China, Indonésia e Camboja estão se tronando melhores na indústria. Não só em tecnologia de produção, mas em custos. Eles não pagam IPI, não têm os custos da ineficiência da malha rodoviária e portuária e não contam com as burocracias de toda ordem que temos no Brasil”.
“Acredito que a tendência é que tenhamos uma redução nas exportações em 2025, principalmente no caso do Ceará. As cidades do Rio Grande do Sul que foram mais afetadas pelas enchentes e têm indústria calçadista retomaram a capacidade produtiva rapidamente e provavelmente vão vender mais”.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a variável “Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados”, que compreende a produção calçadista, cresceu 22,4% de janeiro a novembro de 2024 na comparação com igual período de 2023.
*Com informações do Diário do Nordeste