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Força política de deputados ainda não surte efeito para resolver falta de leitos na região

Fotos: Divulgação/Assembleia Legislativa

A influência política e traquejo para construir parcerias por parte dos deputados estaduais de Franca ainda não foram suficientes para conseguir garantir ampliação de leitos de UTI na cidade e também para os demais 21 municípios do Departamento Regional de Saúde VIII. A falta de estrutura para atender pacientes com Covid-19 na região tem sido o principal problema para que não haja maior flexibilização na quarentena, problema perdura por mais de 20 dias e vai seguir ao menos pelos próximos 15 dias.

A ampliação dessa capacidade de atendimento depende principalmente de recursos, equipamentos e espaço físico para instalação. Além de envolvimento dos governos municipal, estadual, federal há a participação das administrações das Santas Casas, que são os hospitais de referência para atendimento via Sistema Único de Saúde, para que haja devido socorro à população. Todas essas esferas parecem também não conseguir conversar a mesma língua.

As UTIs na região estão espalhadas na Santa Casa de Franca, Santa Casa de Ituverava e Santa Casa de São Joaquim da Barra. As Santas Casas de Ipuã e Igarapava também servem para receber os equipamentos e verba para funcionamento.

Na região já existe em funcionamento 37 leitos de UTI Adulto – incluindo 10 leitos contratados pela Prefeitura de Franca agora em agosto – e cinco leitos de UTI Pediátrica. A ocupação dos leitos UTI Adulto tem se mantido acima da faixa dos 80%, o que vem inviabilizando a região sair da fase vermelha do Plano SP. Os casos nos municípios também estão aumentando, bem como os óbitos, mas em números absolutos a região tem menos casos que outras áreas do Estado (veja mapa das regiões abaixo).

Um leito de UTI custa em torno de R$ 4,8 mil por mês, conforme contrato firmado entre a Prefeitura de Franca e a Santa Casa local neste mês.

Enquanto os leitos não aumentam na DRS VIII, a região segue sem conseguir avançar no Plano São Paulo. No último anúncio feito pelo governo estadual, nesta sexta-feira (7), o DRS VIII foi mantido na fase vermelha, quando comércio e shoppings, além de imobiliárias e concessionárias de veículos não podem, em tese, abrir as portas e receber clientes dentro da unidade. Entre os critérios analisados, a falta de leitos de UTI Covid foi apontada como principal deficiência.

A região da Alta Mogiana, com 22 municípios, é a que tem a menor quantidade de leitos de UTI em todo o Estado de São Paulo. Um problema que já existe há mais de um mês e a solução ainda não chegou. Até mesmo o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal estão cientes da situação e acompanham o caso. O MPE abriu procedimento para acompanhar diariamente a ocupação de leitos, enquanto o MPF acionou a Secretaria de Estado da Saúde e o Ministério da Saúde para pedir explicações do motivo no atraso na liberação de verbas.

Quando as tratativas burocráticas patinam para a solução ser efetivada, a atuação no campo político é uma saída para que haja a canetada para a liberação de recursos e equipamentos. Nesse quesito, os deputados estaduais podem ter grande influência por estarem na Assembleia Legislativa, órgão que é para fiscalizar as ações do governo Estadual e aprovar ou não os projetos do Executivo.

A deputada Graciela, que é da base de sustentação do governador João Dória na Assembleia e tem como tema de defesa a saúde, chegou a anunciar equipamentos e recursos. Porém, os anúncios não se converteram em resolutividade até o momento. Foi ela também que recepcionou os secretários estaduais de Saúde, Jean Carlo Gorinchteyn, e o de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, na terça-feira (4), no Aeroporto de Franca. A proximidade política ainda não foi suficiente para criar uma resposta para a região.

Apesar da identificação da deficiência de leitos há mais de 30 dias em Franca e na região, o movimento político não conseguiu apressar as soluções. Essa visita de secretários estaduais, por exemplo, só aconteceu após esse período de marasmo. Pelo que foi apurado, inclusive, a vinda deles aconteceu após um grupo de 19 prefeitos realizarem ligação para o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, no dia 3 de agosto. A articulação dos deputados não teria sido fundamental para trazer os representantes do governo Estado para a região.

“A visita (dos secretários) foi um alento para a nossa cidade e região, que estão aflitas. Continuarei lutando para que a cidade consiga avançar, com toda a segurança necessária. Estamos fazendo nossa parte”, ponderou a deputada, quando encontrou os secretários.

O outro deputado por Franca é Roberto Engler (PSB), que está no cargo há oito legislaturas e tem como tema de defesa a saúde. No atual mandato ele não está diretamente na base do governo, mas esteve com o PSDB, partido do governador, por boa parte de sua vida política. Apesar de sua vasta experiência articuladora, Engler também não conseguiu avançar com a região para instalação de leitos.

“O que está dentro da possibilidade de um deputado é cobrar. Temos feito isso. Temos buscado o diálogo com o Governo do Estado para que os leitos já anunciados comecem a funcionar o quanto antes. Isso depende dos equipamentos, das verbas públicas e do espaço físico. Dez estão sendo viabilizados, mas a promessa de algumas semanas atrás é que tenhamos mais. De um lado, temos os governos, federal, estadual e municipal, e de outro, a Santa Casa. A articulação disso tudo é que vem sendo difícil. A nossa parte tem sido cobrar do Governo do Estado não apenas a intenção de resolver, mas as ações e os recursos que se fizerem necessários”, justificou-se.

Como Graciela fez, ele pontuou que a vinda dos secretários estaduais a Franca foi importante, apesar de o encontro ter sido político, sem confirmação de resoluções. “A visita dos secretários estaduais a Franca nesta semana foi importante, porque eles viram de perto a nossa agonia, mas é claro que apenas isso não resolve. É preciso que, a partir do que se viu em Franca, sejam tomadas as medidas necessárias para amenizar a nossa situação. Entre essas medidas, a ampliação da capacidade hospitalar é a principal. Não há outra opção”, sugeriu.

Em nota mais recente, o governo do Estado anunciou 100 novos respiradores para UTIs. Para a região de Franca foram enviados três equipamentos a serem instalados no Pronto Socorro de Miguelópolis.

Veja gráficos do Estado

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