Quando Luiza Trajano assumiu a liderança do Magazine Luiza, com apenas 39 anos, em 1991, a rede contava com apenas 30 lojas. Hoje, mais de 30 anos depois, a empresa já abriu capital na bolsa de valores, passou por um processo de sucessão muito bem-sucedido que trouxe à liderança Frederico Trajano, foi pioneira da transformação digital do varejo no Brasil e se tornou uma das empresas que mais adquiriram startups na América Latina.
Atualmente, o Magalu conta com 1.477 lojas físicas, 180 mil vendedores parceiros em seu marketplace e, só em 2021, movimentou R$ 56 bilhões.
De acordo com César Souza, autor do livro “O jeito de ser Magalu”, lançado pela Editora Rocco, a personalidade de Luiza, hoje presidente do Conselho de Administração da empresa, está diretamente relacionada ao grande sucesso da companhia.
Para ele, a obsessão da empresária com o ser humano é um traço indissociável de sua trajetória pessoal e fez toda a diferença na história do Magalu.
“Quando conheci Luiza ficou claro para mim que a sua alma carrega o segredo do seu negócio. Atribuo como elementos mais singulares e intrínsecos à sua personalidade, que ela transporta diariamente para a operação, a obsessão pessoal dela com o cliente, o carinho com os colaboradores, sempre atenciosa e respeitosa com cada um, seu apetite pelo aprendizado constante e determinação com a melhoria contínua, seu espírito gregário e articulador, sempre tratando todo mundo bem e valorizando mesmo os concorrentes e seu senso de propósito e o respeito à comunidade e à sociedade, buscando sempre soluções para os desafios sociais”, enumera.
Segundo o especialista, tudo isso se converteu em políticas e diretrizes do Magalu. “Vemos isso espelhado na forma como a empresa faz a gestão de clientes, de pessoas, no foco no aprendizado e na melhoria contínua, na atuação de destaque no setor varejista como um todo e na participação em causas sociais. Ela imprimiu seu DNA e estas crenças pessoais no dia a dia do negócio”, comenta.
Paixão pelas pessoas
Foi o minucioso cuidado com o fator humano, o qual a empreendedora apresentou durante toda a sua trajetória profissional, que a possibilitou transformar um negócio familiar em uma pequena cidade do interior paulista no Magalu, em uma das maiores empresas de varejo do Brasil e do mundo, a melhor empresa do ramo para se trabalhar no Brasil e a segunda melhor no ranking geral, de acordo com a pesquisa Great Place to Work Brasil 2020.
Sem fazer alarde, partindo do interior para as metrópoles, o Magazine Luiza foi se tornando, de longe, a rede varejista mais valorizada do Brasil. Antes de chegar à capital paulista, comprou rivais, como a Mercantil, em Franca, e a Móveis Brasil, em São Carlos, além de redes no Paraná e em Santa Catarina. Depois, continuou fazendo aquisições, como a das Lojas Maia, rede paraibana com 140 unidades espalhadas pelo Nordeste, e a das Lojas do Baú, com 121 pontos de venda nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais.
Ao longo da sua gestão, Luiza expandiu a operação do negócio de 30 lojas, em 1991, para 445 em 2008. Em 2011, foi feita a abertura do capital na bolsa de valores e o Magazine Luiza continuou crescendo a ponto de atingir, em 2015, o número de 786 lojas e ultrapassar o expressivo valor de R$ 10 bilhões em faturamento. O quarto ciclo começou em 2016 e, em apenas três anos, ultrapassou a marca das mil lojas. A rede já atende mais de 36 milhões de clientes, o que significa mais de 15% do total da população brasileira. Tal salto foi dado já sob a bandeira da transformação digital, já sob a liderança de Fred, que alavancou o Magalu para um novo patamar.
Além do foco no crescimento de sua operação, o Magalu sempre incorporou em sua operação uma preocupação genuína de Luiza com as pessoas e equipes. A empresa investe muito na capacitação dos mais de 40 mil colaboradores. Incentiva cada um a assumir uma postura de dono. “Com isso, demonstra carinho pelas pessoas, tratadas como membros de uma família. Em tempos de pandemia, a empresa comprometeu-se a não demitir funcionários, sendo uma das incentivadoras do movimento #NãoDemita”, conta o consultor, César Souza.
Graças às medidas adotadas, não só os empregos dos colaboradores foram mantidos, como a empresa admitiu cerca de mil pessoas registradas em carteira em plena crise deflagrada pela Covid-19. A companhia tem como missão a ser cumprida a premissa de que não existe cliente encantado em empresa com pessoas infelizes.
“Seus líderes sempre cuidaram muito bem das pessoas, das equipes, do clima organizacional, da capacitação, do senso de propósito, da motivação e dos valores organizacionais. Em suma, a empresa sempre cuidou da felicidade das pessoas, buscando com isso o engajamento autêntico dos seus colaboradores em todos os níveis”, argumenta Souza.
O Magazine Luiza fez a transformação digital sem perder a proximidade com seus clientes, nem com as equipes e colaboradores da empresa. Pelo contrário, tem dado o claro exemplo de que a tecnologia deve estar a serviço das pessoas e dos clientes para viabilizar os resultados desejados em vez de colocar o negócio a serviço da tecnologia.