Médico oftamologista que atua em Franca e tem 78 anos é investigado pela Polícia Civil de Franca pelo crime de estupro de vulnerável. O inquérito está sendo conduzido na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) desde agosto deste ano, após o Ministério Público Estadual de Santa Catarina solicitar a instauração de investigação. A vítima, hoje com 14 anos, indicou que o crime ocorreu em 2016, quando ela tinha 8 anos. Por questões judiciais, o nome do suspeito não está legalmente autorizado a ser mencionado.
Para os casos de crimes de estupro de vulnerável, eles não prescrevem enquanto a vítima tiver menos de 18 anos. Conforme a legislação, o início do prazo de prescrição ocorre a partir da data do aniversário de 18 anos da vítima.
Esse caso só acabou vindo à tona porque a atual adolescente vem enfrentando uma série de problemas psicológicos. Ela relatou ter sofrido os abusos em Franca, quando convivia com o médico oftamologista e era reconhecido como “avô”, então com 70 anos. A vítima morava com a mãe e o ex-padrasto, filho do suspeito. A jovem nasceu em Franca e viveu com a mãe, porém acabou indo conviver com uma familiar em Santa Catarina neste ano. A avó percebeu que a adolescente tinha problemas para se relacionar com pessoas e passou a fazer tratamento psicológico. Por conta da confiança familiar, ela acabou relatando que tinha vivido um trauma quando era criança.
Conforme a reportagem apurou, laudo psicológico elaborado por profissional de Psicologia em Santa Catarina, feito devido ao acompanhamento médico que a adolescente tem, apontou para “rigidez psíquica”, “dificuldade em vincular-se afetivamente e expressar verbalmente o que sente”, “sintomas de transtorno de estresse pós-traumático” e “um possível quadro de depressão ansiosa”.
Em uma das sessões, a jovem acabou relatando a possível violência que fora cometida pelo então pai do padrasto dela. Na época, de acordo com o acompanhamento médico, o suspeito era tratado como “avô” pela menina. A mesma situação já tinha sido mencionada para outra psicóloga, em Franca, em fevereiro deste ano.
Por conta da demanda gerada pelo MP de Santa Catarina e documentação técnica, a investigação foi aberta na DDM de Franca. O médico, que atua em hospital particular de Franca, já prestou depoimento acompanhado de advogados no dia 29 de agosto deste ano. Conforme verificado, ele negou qualquer tipo de abuso sexual.
Nesse depoimento, a reportagem apurou que ele ressaltou que é casado há mais de 50 anos, além de ter décadas de experiência profissional e que nunca teve uma queixa registrada devido a seu comportamento. Ele também já fez atendimentos em creches e instituições que atende crianças na cidade. O médico atualmente tem três advogados de Franca acompanhado a investigação policial.
A investigação ainda não foi concluída e já houve o testemunho de sete pessoas, entre familiares da vítima e do suspeito, além de laudo técnico enviado à delegacia. Desde 2021 a mãe da vítima está separada e não mantém convívio diário com o ex-padrasto da adolescente e o suspeito investigado.