A dependência de importação para EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), ventiladores pulmonares e de 90% do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) consumido no país, além da vulnerabilidade e desabastecimento farmacêutico e de vacinas, foram alguns dos temas abordados pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, nesta sexta (10), durante evento realizado em conjunto entre a Fiesp e o Ciesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo respectivamente.
No parque industrial de Franca, há empresas em condições de produzir EPIs e outros matérias para o setor. Além disso, durante a pandemia, a unidade de Franca do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) auxiliou em testes de equipamentos de EPIs.
Durante o evento “Desafios do SUS e Perspectivas para o Complexo Econômico e Industrial da Saúde”, a ministra foi recebida por Ruy Baumer, diretor do ComSaúde (Comitê da Cadeia Produtiva de Saúde e Biotecnologia) da Fiesp e do Ciesp. Baumer também representou os presidentes das duas casas durante o evento, Josué Gomes e Rafael Cervone, respectivamente.
A conversa foi focada no fortalecimento do complexo industrial da saúde no país, mas também abordou a vacinação e a importância do SUS (Sistema Único de Saúde). B
Baumer disse à ministra que, em seu entendimento, o ideal seria que pelo menos 70% das demandas internas na área da saúde no Brasil fossem atendidas pelas próprias indústrias brasileiras, conforme a ministra havia declarado durante seu discurso de posse, e defendeu medidas como a isonomia tributária, o ambiente favorável, sem que o preço da matéria-prima se sobreponha ao preço do produto industrializado, e a recuperação da competitividade internacional.
Estavam presentes no evento lideranças como o presidente do Sindhosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo), Francisco Balestrin, que também preside o CBExs (Colégio Brasileiro de Executivos de Saúde, o presidente do Icos (Instituto Coalização Saúde), Giovanni Guido Cerri, e a secretária de Saúde Digital, Anna Estela Haddad.
Para a ministra, há uma disputa geopolítica pela produção de inovação, mas o Brasil tem condições de participar desse esforço, que teve sua necessidade evidenciadas durante a pandemia de covid, mas que também cabe para muitas outras áreas.
“Há uma tensão e um descompasso entre a demanda crescente e a capacidade produtiva e de inovação local. Nós temos, eu creio que, neste momento, pensar em algumas oportunidades que o complexo industrial da saúde nos coloca”, afirmou Nísia.
Para a ministra ainda, a alta participação no PIB, cerca de 10%, e a magnitude na geração de empregos, com 6 milhões de empregos diretos e 25 milhões de empregos indiretos, fazem da área da indústria de inovação, produção de vacinas, fármacos e de equipamentos um setor essencial.
“Nós temos que pensar que o Brasil pode e deve entrar de forma diferenciada na quarta revolução tecnológica, com Big Data, genômica avançada e com o SUS como direcionador. Não é a tecnologia em si, é a tecnologia inserida no Sistema de Saúde. Isso significa integrar as dimensões da política de ciência, tecnologia e inovação com a política industrial”, afirmou a ministra.
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