O chefe da Unidade de Endocrinologia Pediátrica da Universidade de São Paulo (USP), Durval Damiani, enfatizou, mais de uma vez, que são “absolutamente reversíveis” os efeitos do uso dos bloqueadores de puberdade. Ele descartou, por exemplo, quaisquer riscos de esterilidade e de prejuízo à massa óssea.
Damiani conversou nesta quinta (5) com deputados da CPI da Transição de Gênero em Crianças e Adolescentes. O adiamento do início da fase reprodutiva no ser humano, explicou, “não aumenta o diagnóstico de incongruência de gênero”, que é quando a pessoa não se identifica com o sexo de nascimento.
Em resposta a membros da CPI, o médico da USP negou que crianças impúberes sejam atendidas na Unidade. “Não fazemos nenhum tipo de tratamento, bloqueio puberal nem tratamento hormonal, porque elas não estão em puberdade”.
Quanto ao uso off label (fora da bula) de um remédio na terapia de bloqueio puberal, Damiani respondeu que o medicamento foi lançado em 1985 e que “ninguém imaginaria que anos depois poderia ser usado também nesta condição clínica.” “De lá para cá, nesses 40 anos, não surgiu nada melhor”, acrescentou.
Por fim, o médico alertou para os riscos da automedicação. Ele contou que todos os 125 pacientes que já passaram pela Unidade de Endocrinologia Pediátrica da USP adotaram essa medida.
“Fazem essa automedicação pela rede social. O fulano está tomando, então eu também vou tomar. Isso é péssimo. Esse tipo de medicação é extremamente importante desde que seja indicada e administrada por profissionais”, ressaltou