O controle do contágio da covid-19 em Franca apresenta alguns gargalos que podem contribuir na dificuldade em reduzir os casos da doença ou mesmo apresentar dados que mostram o cenário mais preciso sobre o nível de contágio.
Um deles é que quando um paciente vai fazer exame pelo SUS, o tempo de espera para o resultado sair é de 10 dias. A demora em obter o diagnóstico pode atrapalhar o tratamento e também permitir que a pessoa doente contamine outras pessoas.
Em Araraquara, cidade que tem sido encarada como uma referência para combater o contágio após identificar que a variante P1 da covid-19 circulava por lá, apresenta o resultado do exame pelo SUS em até 24hs após a coleta de material para o RT-PCR. Isso é possível porque a Prefeitura local tem parceria com a Unesp e fez a contratação de até 1 mil exames diários para ter diagnóstico rápido.
O modelo usado na cidade foi analisado pela Comissão de Enfrentamento da Covid-19 da Câmara de Franca. Os vereadores Donizete da Farmácia, Gilson Pelizaro, Zezinho Cabeleireiro e Marcelo Tidy visitaram a cidade para entender as medidas aplicadas.
Em Franca, por conta da demora em se obter o resultado, há 3.521 pessoas ainda aguardando na fila para saber se foram contaminadas ou não. Muitas delas podem já estar curadas, porém ainda estão com exame represado. Araraquara praticamente zerou essa fila de exames em espera.
Veja o que acontece em Araraquara que não foi implantado em Franca, conforme a Comissão da Câmara:
– três barreiras sanitárias nas principais entradas da cidade, que impedem a entrada de indivíduos contaminados pelo vírus;
– contratação de 80 auxiliares de enfermagem para realizar de coleta de exames e outras medidas preventivas;
– convênio com a Unesp (Universidade Estadual Paulista) para testagem, o que derrubou a fila de espera por testes e resultados para zero;
– testagens aleatórias nas ruas da cidade, na indústria e no comércio;
– opção para infectados cumprirem quarentena em um hotel logo após exame e atendimento à família de pessoas que testaram positivo para a covid-19.
Como comparativo, Araraquara divulgou que 23 casos foram registrados nesta quinta (22), contra 85 em Franca. No aguardo do resultado há 328 pessoas em Araraquara e 3.521 em Franca.
Em óbitos, a cidade distante 200 km de Franca registrou 374, contra 481 da Capital do Calçado. Esses dados são cumulativos desde março de 2020.
Os casos ativos em Araraquara somam 323 pessoas doentes. Para Franca, esse número é de 811 pacientes. Porém, a fila para diagnóstico entre as cidades tem uma discrepância gigante. Com isso, o total de pessoas doentes pode ser muito maior que o número oficial.
Internação e atendimento
Em questão de internações, ambas as cidades estão perto da superlotação na UTI SUS. Conforme a Prefeitura de Araraquara, haverá tratamento com plasma em pacientes em estado grave que tenham a partir de 40 anos. Para implantar esse tratamento desenvolvido pelo Instituto Butantan houve parceria com a Unimed e a Unesp. O método ainda não está presente em Franca.
“O tratamento está disponível para pacientes com 40 anos de idade ou mais, com comorbidades (hipertensão, diabetes, cardiopatias, pneumopatias, obesidade, doença renal crônica, doença hepática e imunossuprimidos) e que estejam entre o primeiro e o quarto dia do início dos sintomas. Embora até o momento não exista terapia específica contra a Covid-19, o tratamento com plasma convalescente tem trazido bons resultados, conforme o Instituto Butantan. O plasma, que é a parte líquida do sangue, é retirado de voluntários já curados da Covid-19 e aplicado no paciente infectado. Os anticorpos presentes no plasma estimulam o organismo infectado a se defender da doença, até que o organismo afetado tenha tempo de reagir e montar a sua resposta imune”, divulgou a Prefeitura de Araraquara.
Encaminhamento da Câmara
Os vereadores que foram à Araraquara na segunda (19) ainda avaliam quais medidas oficiais devem tomar. Ainda não houve encaminhamentos para a Prefeitura.
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