Rodolfo César – Redação F3 Notícias
A Fundação Espírita Allan Kardec está trabalhando para instalar o Museu da Saúde Mental em Franca. A instituição já recebeu suas primeiras obras, que são da artista Maria Edith Popluhar. Ela era médica e sofria de transtorno bipolar. Os quadros foram doadas pela família. Além dos quadros produzidos pela médica e artista, Maria Edith produziu peças criadas com caixas de remédios.
O acervo do Museu da Saúde Mental será inaugurado futuramente dentro das comemorações do primeiro centenário de “Allan Kardec”.
A irmã da artista, Rosália Maria da Costa Popluhar, esteve no Alan Kardec acompanhada das farmacêuticas Adriana Baraldi Alves dos Santos e Gisela Ambrósio, amigas da família.
“Recebemos a Rosália Popluhar, a Gisela e a Adriana, que vieram nos presentear com obras de arte da doutora Maria Edith Popluhar. Essas obras de arte praticamente inauguram o nosso acervo do Museu da Saúde Mental, que estamos idealizando e vamos inaugurá-lo por ocasião dos 100 anos da Fundação Espírita Allan Kardec”, disse o presidente da instituição, Mario Arias Martinez.
Conforme Mario Urias, a intenção do museu é chamar a atenção para o cuidado e a atenção que a saúde mental precisa receber pelas pessoas. “Essas obras têm o contexto todo voltado para a Saúde Mental. Todas elas são feitas com (embalagens de) medicamentos, todas elas têm essa temática, e serão aqui muito bem conduzidas dentro do acervo do nosso museu. Agradeço a vocês pela oportunidade de receber esse material, e esperamos que seja só o início dessa grande parceria.”
Maria Edith Popluhar, natural de São Paulo, concluiu o curso de medicina na Faculdade de Medicina de Jundiaí, em 1984, com residência em neuropediatria. Segundo Rosália, a médica-artista sofreu o primeiro surto no fim da faculdade. A médica também fez estágio em Paris (França) e apesar do transtorno que tinha, seguiu com tratamento e conseguiu conduzir seu trabalho como médica.
“Ela foi diagnosticada na época com transtorno maníaco-depressivo. Ainda não se usava o termo bipolar. Depois que a nomenclatura mudou para transtorno bipolar. Quando ela completou 20 anos (de profissão), já estava cansada. Tanto é que ficar sem dormir para uma pessoa que tem um problema mental é pior que ficar sem comer. Aí, ela criou coragem e falou: ‘Vou abandonar a medicina’”, contou a irmã.
Edith Popluhar envolveu-se com a pintura e as artes desde sa infância. Quando decidiu deixar a medicina, fez curso de arte-terapia no Rio de Janeiro e mergulhou nesse mundo das artes. “Era um jeito dela não ficar totalmente fora da medicina. Mas ainda não era o que procurava. Era a arte, não a terapia, que encantava ela”, detalhou Rosália Maria.
A artista ainda fez pós-graduação em História da Arte na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), em São Paulo. “Ela começou a fazer esses trabalhos conceituais com as caixinhas de remédio”, relembrou Rosália.
Uma das obras da médica-artista é “Doutor, virei artista!”. Edith faleceu no dia 14 de agosto de 2020, vítima de síndrome neuroléptica maligna, resultado de uma raríssima intoxicação causada pelos medicamentos que tomava por conta do transtorno bipolar.
A indicação da Fundação Allan Kardec para a família da artista ocorreu após uma amiga natural de Franca contar sobre o trabalho que era desenvolvido aqui na cidade.
As 16 obras doadas à Fundação Allan Kardec são quadros, instalações e peças no formato de vestido feitos com embalagens de remédios.
Média de 4 mil atendimentos/mês
A Prefeitura de Franca, através da Secretaria de Saúde, informou que está com estrutura montada para realizar atendimentos na saúde mental. Nos oitos primeiros meses deste ano, 32.193 pessoas foram assistidas nesse tipo de acolhimento pelo SUS.
“Com o objetivo de garantir uma melhor assistência aos pacientes da saúde mental, (a Prefeitura) oferece em toda a rede de atenção básica, compreendida pelas 16 UBS, os atendimentos de Matriciamento de Psiquiatria, que são agendados, mediante encaminhamento do clínico geral. Uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e agentes comunitários, está capacitada a oferecer esse acolhimento”, divulgou o governo municipal, em nota.
Com esses números, em Franca o atendimento médico na área de saúde mental é de 4 mil pessoas ao mês.
“Esse processo está passando por uma fase de aprimoramento, mediante reuniões das equipes de Atenção Básica com os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), mantidos pela Prefeitura, cujo intuito é ampliar a capacitação dos servidores envolvidos e a oferta dos serviços aos pacientes”, reconheceu a Prefeitura.
Considerando que o matriciamento constitui-se em uma importante estratégia de capacitação das equipes da Atenção Básica, oferecendo embasamento científico para que os profissionais possam conduzir os casos que recebem, encontros sistemáticos e mensais estão sendo realizados nos CAPS Florescer e Renascer (unidades especializadas mantidas pela Prefeitura), com todas as equipes das unidades da Atenção Básica, agrupadas dentro de um cronograma previamente estabelecido.
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