Decreto do Executivo federal reativou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, após sete anos. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, vai presidir o CNDI. O colegiado foi criado com o objetivo de debater e criar uma nova política industrial e entre as suas responsabilidades estará aprovar as diretrizes para a implementação dela, além da análise de propostas para incentivar a inovação, promover o desenvolvimento do setor e estimular a produtividade.
O CNDI será presidido por Alckmin, mas contará ainda com a participação de outros 19 ministros, o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, e mais 21 conselheiros, representantes da sociedade civil.
“Esse anúncio vem em um momento importante, já que o setor industrial necessita de incentivos urgentemente para estimular a reindustrialização do País, pois a indústria representa uma parcela significativa do nosso PIB, mas ao longo dos anos vem sofrendo grande queda de participação com a alta tributação e falta de incentivos ao setor”, comenta Paulo Castelo Branco, economista e presidente-executivo da Abimei (Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais).
O especialista sinaliza que para que o Brasil possa ter uma fase de reindustrialização, é necessário que os investimentos em máquinas e equipamentos importados tenham condições especiais, que colocariam o parque industrial brasileiro em igualdade, atualizado com o de outros países.
“Desta forma poderemos abastecer o mercado interno, diminuir as importações de produtos manufaturados e acabados, e ainda exportá-los com condições de competir com exportadores de manufaturados de alto valor agregado, e não somente produtos como commodities que exigem exportar altas quantidades para termos um bom volume financeiro na balança comercial e que seja significativo para a nossa economia, explica Castelo Branco. De acordo com o economista, o Brasil precisa importar máquinas e equipamentos com alta tecnologia e automação para gerar grande produtividade na produção industrial nacional.
O decreto oficializando a criação do conselho foi assinado pelo presidente Lula e publicado em edição extra do Diário Oficial da União. O órgão, que havia sido criado em 2004, estava inativo há sete anos.
O setor industrial em Franca, por exemplo, ainda tem desafios para se estruturar. A Capital do Calçado masculino está no meio de uma crise profunda. Franca teve redução significativa na geração de emprego no setor calçadista. Dados do Caged deste primeiro trimestre de 2023 apontaram que em 2022 foram gerados 1.004 empregos formais no setor industrial, contra os 4.716 postos registrados em 2021.
Sem vaga de trabalho nesse período pós-covid-19 mais agudo, os trabalhadores precisaram encontrar outras saídas. Para quem permaneceu em Franca, o jeito foi transformar-se em prestador de serviço. O direcionamento para o chamado empreendedorismo de necessidade representou em 3.296 vagas geradas em 2022, contra 1.008 registradas em 2021. O aumento foi de quase 244%.