A chuva que caiu em Franca nesta terça-feira (5) não foi uma das mais fortes na comparação com dados deste ano, mesmo assim foi o suficiente para causar transtorno no trânsito da cidade. Na Avenida Ismael Alonso y Alonso, na região do viaduto Dona Quita, cruzamento com a Avenida Major Nicácio, houve transbordamento. Em vias no Centro o congestionamento ficou mais travado do que em dias normais e mesmo em outras áreas, como na região da Vila Hípica, muita água empossada causou transtorno para motoristas.
Conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), durante todo o dia 5 choveu 41.4 mm, sendo que o maior volume pluviométrico concentrou-se por volta das 17h, com 13.6 mm. Se comparado com janeiro, esse volume é menor que o do dia 3 do mês passado, quando em apenas uma hora foram 54.8 mm medidos.
O problema dos alagamentos, atualmente concentrados em algumas áreas, é antigo. Relatório do Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais, publicado em 2005 pelo Ministério das Cidades, aponta que a gestão urbanística no município vem sofrendo entraves desde a criação do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, que foi elaborado em 1971 pelo Departamento de Geografia da USP.
Além disso, uma análise mais profunda para solucionar o risco de enchentes não entrou no plano de governos municipais responsáveis por elaborar e implementar o Plano Diretor de Franca, ao menos até 2005, data em que há estudo sobre a questão. A contenção de voçorocas e abertura de loteamentos periféricos estavam na lista de prioridades, conforme identificado pelo Relatório do Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais, do Ministério das Cidades.
Estudos mais aprofundados para realizar obras para alargamento e aprofundamento de calha onde há inundação hoje em dia começaram ano passado. A Prefeitura de Franca lançou edital para contratar empresa que realiza elaboração de projeto executivo e especificação de métodos de procedimentos para o alargamento e aprofundamento do Canal do Córrego Cubatão no trecho do viaduto. Esse é atualmente a área mais afetada quando há chuva, mesmo que não seja intensa.
A empresa MMF Projetos de Engenharia e Arquitetura Ltda foi contratada por R$ 39.190,00 para realizar o estudo. O último extrato de contrato desse estudo foi publicado em dezembro de 2019 no Diário Oficial do Município.
Obra relegada no passado
Em 2012, houve grande intervenção estrutural na região com a construção do Viaduto Dona Quita. O viaduto ficou pronto, mas as obras antienchete não foram efetivadas, com o aumento da vazão do canal e drenagem no entorno.
Em dezembro daquele ano, a então administração municipal desistiu do alargamento após o Ministério Público Estadual abrir investigação para apurar irregularidades no projeto. Na época, essa obra custaria R$ 2,3 milhões, conforme anunciado na imprensa.