O novo coronavírus chegou a 20% das cidades do interior do Estado de São Paulo e alguns municípios tornaram-se polo para propagação da doença. Nessa lista estão Ribeirão Preto, que fica a 100 quilômetros de Franca, além de Araçatuba, Araraquara (175 km de Franca), Bauru, Campinas, Marília, Piracicaba, Santos, São José do Rio Preto (222 km de Franca), São José dos Campos, Sorocaba, Votuporanga, além da Capital.
O estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Unesp de Presidente Prudente e Botucatu e mapeou as rotas de dispersão da covid-19. Conforme o trabalho, é preciso que tanto as cidades-polo como os municípios próximos criem estratégias de isolamento mais efetivas para conseguir reduzir a propagação do novo coronavírus.
Ribeirão Preto já teve 161 casos da doença e registrou quatro mortes. Os casos suspeitos ultrapassaram os 900. Franca tem números menores. Até este domingo eram 7 casos confirmados, entre eles houve uma morte, mas o caso é considerado importado porque o paciente veio de São Tomás de Aquino (MG) para ser tratado no Hospital do Coração.
“Existe uma difusão hierárquica do vírus, indo de cidades maiores para menores. Não adianta olhar só para o tamanho da população, mas também a influência econômica e social das cidades na região em que estão”, afirmou à Folha de S.Paulo o geógrafo Raul Guimarães, docente da Unesp em Presidente Prudente.
Para tentar municiar as prefeituras com informações científicas, o geógrafo, unido com outros cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), desenvolveram o Radar Covid-19. “O RADAR COVID-19 conta com pesquisas em desenvolvimento que envolvem a análise e mineração de dados de redes sociais (Twitter), apresentando a evolução de relatos relacionados com COVID-19; a relação dos relatos de tweet com dados oficiais e buscas realizadas no buscador do Google; o mapeamento dos dados oficiais envolvendo a checagem das bases de informação e elaboração de representações cartográficas; o levantamento de rumores sobre possíveis focos de disseminação do novo coronavírus”, detalhou nota oficial da Unesp.
“Temos estudado na Unesp, junto com modeladores matemáticos e geógrafos da saúde, os modos de dispersão (da doença) no Estado de São Paulo e percebemos que algumas cidades-polo precisam de um isolamento ainda maior, de forma a reduzir a interiorização desse vírus e a sua dispersão pelo estado”, afirmou o professor Carlos Magno Fortaleza, epidemiologista da Faculdade de Medicina da Unesp, no câmpus de Botucatu.
A ligação entre Franca e Ribeirão Preto é grande, mas houve redução no número de horários de ônibus que fazem o trajeto. Durante a semana, a viação São Bento, principal empresa regional que realiza essas viagens, tem dois horários disponíveis. No domingo, as opções aumentam para três horários.