A Santa Casa de Franca assumiu que houve erro em procedimentos de operações de catarata realizados a partir do AME de Taquaritinga. O hospital é responsável pela administração da unidade de saúde.
Durante as operações, médicos trocaram soro de hidratação por substância usada para assepsia de peles. Essa substância foi usada nos olhos de pacientes, o que causou cegueira e outras complicações.
As operações foram feitas em 21 de outubro de 2024 e 23 pacientes passaram por cirurgia por meio do SUS. Desse grupo, 12 pacientes apresentaram complicações pós-operatórias em 1 dos olhos. O 1º pós-operatório médico se deu após 24 horas da cirurgia, e desde o dia 28 de outubro o Grupo Santa Casa divulgou que deu início à sindicância para investigar a situação
De acordo com o hospital, houve fornecimento contínuo de medicação necessária para o tratamento das complicações e suporte assistencial aos pacientes.
“Os pacientes afetados foram inseridos na fila de transplante de córnea do Estado dia 06 de dezembro de 2024 após a constatação do dano pelo próprio Grupo Santa Casa de Franca, que é o hospital credenciado pelo Estado para transplantes de córneas. A sindicância solicitou laudos técnicos dos materiais e medicamentos utilizados para verificar possíveis irregularidades, nos quais não foram encontradas alterações e a sindicância encaminhou a Vigilância Municipal todos os esclarecimentos”, informou o hospital, em nota.
Ainda houve averiguação dos protocolos de segurança relacionados à CME (Central de Material de Esterilização) e documentação apresentada na Vigilância Sanitária Municipal de Taquaritinga indicou que não houve problemas nesse quesito.
“A investigação preliminar apontou falha pelas equipes médica/assistencial no cumprimento do protocolo institucional vigente, resultando no uso inadequado de produtos durante procedimentos cirúrgicos realizados exclusivamente em 21 de outubro de 2024. Conforme os protocolos institucionais, a assepsia deve ser realizada com PVPI (iodopovidona), de coloração roxa, permitindo identificação visual clara por todos os profissionais envolvidos na cirurgia. No entanto, foi constatado que a equipe utilizou clorexidina (de coloração transparente), dificultando a verificação visual do produto empregado. Além disso, identificou-se a inversão na ordem de aplicação dos produtos. Em vez de seguir o procedimento correto — onde a clorexidina é utilizada para assepsia e o soro Ringer para o selamento da incisão — houve o acidente, no qual a clorexidina foi aplicada em substituição ao soro Ringer”, divulgou o Grupo Santa Casa de Franca.
Por conta dessa identificação do problema, todos os profissionais diretamente envolvidos no caso foram afastados. “Apesar de ter sido um erro pontual, os pacientes tiveram consequências graves. O erro afetou apenas um olho de cada paciente, já que, por segurança, nunca se realizam cirurgias simultâneas nos dois olhos, justamente para evitar riscos de perda total da visão. Dos 12 pacientes afetados, 5 realizavam a segunda cirurgia, pois já haviam realizado a operação bem-sucedida no primeiro olho. Todas as informações apuradas estão detalhadas na sindicância e serão entregues ao Estado na Secretaria Estadual de Saúde ainda esta semana.”
Nessa nota oficial, o Grupo Santa Casa de Franca afirmou que irá tomar “todas as medidas para responsabilizar a equipe médica/assistencial perante os órgãos competentes.”
O hospital ainda reforçou em seu comunicado que o problema ocorreu estritamente por falha humana. A instituição não detalhou como é o procedimento para avaliar e realizar a contratação de profissionais, que é de responsabilidade do hospital. “Lamentamos profundamente o grave ocorrido e reafirmamos nosso compromisso com a qualidade e segurança do paciente. Seguiremos com a postura responsável, o que está comprovado nos laudos de que o erro não se deu nas instalações, protocolos e sim na falha humana profissional. Somos solidários aos pacientes; estaremos ao seu lado pela responsabilização do fato e no seu acolhimento, e daremos total transparência para as autoridades cabíveis e à população.”