Comprar tijolo ou ferro para fazer construção em Franca é algo que está difícil de ser concretizado. Os dois produtos estão em falta no mercado, principalmente o tijolo, e a espera pode chegar a quase três meses. Essa situação está sendo registrada de dois meses para cá, com o início da retomada da economia após uma quarentena mais restrita.
De acordo com lojas de venda de materiais de construção na cidade, os distribuidores também estão segurando a entrega para puxar o preço para cima. Entre uma entrega e outra do milheiro de tijolo, por exemplo, há casos que o preço sobe de R$ 30 a R$ 40. Essa carga está chegando em Franca com prazos que variam de 70 a 80 dias.
O setor de construção civil continua movimentando-se mesmo com a quarentena causada pela pandemia do novo coronavírus. O que as entidades da classe constataram é que como algumas pessoas passaram a ficar em casa, houve um crescimento na demanda de reformas em residências e apartamentos. Isso porque os moradores passaram a notar necessidades que precisavam atender para poder passar mais tempo na moradia.
“Apesar da pandemia, tivemos um crescimento nas vendas, principalmente nos meses de junho e julho em relação ao ano de 2019. Estimamos um crescimento entre 10% e 15% para este ano e acreditamos em um quarto trimestre bem ativo. (Já com relação ao aumento de preços) A atitude dos fornecedores é injustificada e inoportuna, especialmente se considerarmos os baixos índices de inflação e o cenário de pandemia”, apontou o presidente do Sindicato da Indústria de Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Geraldo Linhares, em recente entrevista.
A posição da entidade de Minas Gerais é pertinente para Franca porque boa parte da produção de tijolos no estado vizinho é toda vendida na cidade. Antes, olarias em Cássia (MG) eram as maiores fornecedoras, porém a crise econômica gerada pela pandemia ocasionou o fechamento de algumas fábricas no município mineiro e fornecedores instalados mais perto de Belo Horizonte passaram a atuar na região.
“Esse ano tem uma falta muito grande de tijolos no mercado. Um aumento no preço também. Toda vez que chega uma carga, o valor do milheiro está R$ 30 a R$ 40 mais caro. E antes, pedia esse produto em Cássia, mas a cerâmica faliu”, detalhou Paulo Arquette, dono do Depósito Santa Rita, que está no mercado há 16 anos.
Quem decide comprar principalmente tijolo, precisa aguardar a espera de quase três meses e se preparar para pagar mais caro pelo produto. Esses aumentos das empresas em Minas Gerais estão sendo monitorados e o Sinduscon-MG protocolou representação no Procon-MG para que analise se os reajustes são mesmo justificados. “Essas empresas estão segurando os produtos por que se o produto está no escasso no mercado o valor tende a subir”, sugeriu Paulo Arquette, que também mencionou que está com problema no fluxo de caixa porque não consegue fazer um planejamento financeiro pelo recorrente aumento praticado pelos fornecedores.
A mesma situação repete com o ferro. “O ferro subiu 30% para os depósitos de material de construção e hoje em dia está custando uns 15% mais caro na venda para o consumidor final. E olha que não houve uma diminuição das vendas. As vendas estão muito altas”, apontou Arquette.
“Há mais dificuldade de se encontrar diversos produtos. E se o consumidor descobre que está mais difícil de comprar, compra um pouco mais para garantir, o que também ajuda a piorar a situação”, afirmou Claudio Conz, presidente do Sincomaco (Sindicato do Comércio Atacadista, Importador, Exportador e Distribuidor de Material de Construção), em entrevista concedida ao 6Minutos, site especializado em negócios.
Reforma e adaptação
Quem está procurando os depósitos de materiais de construção para compra de produtos geralmente quer fazer uma pequena reforma ou adaptação na casa conforme entrevistados do setor relataram ao F3 Notícias.
As pessoas passaram a reformar o quarto e instalar uma suíte ou decidiram fazer uma reforma na casa de familiares para ampliar o espaço, porque a crise financeira exigiu que famílias fossem dividir o mesmo teto com parentes e economizar no aluguel. “Teve muita procura de gente que, por exemplo, decidiu ficar na casa dos pais ou que ia casar e ia comprar uma casa e decidiu não comprar agora por conta da pandemia. Aí, ao invés de mudar, essas pessoas estão adaptando a casa dos pais ou parentes e as famílias voltam a morar juntas”, sugeriu Paulo Arquette, dono de depósito de material de construção há 16 anos.
Esse boom e falta de materiais deve ser reduzido com o período de chuvas, que devem chegar em um ou dois meses. Tradicionalmente, no verão o ritmo da construção civil é reduzido.
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