A redação pode significar uma parte expressiva da nota é a parte fundamental para a composição das notas do Enem e dos vestibulares de todo o País, já que representa uma parte expressiva da pontuação final. Sendo assim, pode ser um componente eliminatório e uma peça-chave para destacar candidatos.
A produção de texto é muito valorizada pelas instituições de ensino, porque permite avaliar o domínio do estudante com relação ao tema, técnicas de escrita, a capacidade de organização de ideias e estruturação coerente do conteúdo, além das habilidades de argumentação, domínio do vocabulário e analogias às vivências de cada um.
Com a proximidade da realização do Enem 2021, a coordenadora de Redação do Poliedro, Fabiula Neubern, sugere que cada candidato deve desenvolver a sua estratégia para a prova, ou seja, aquela que o deixa mais confortável.
“Eu não recomendo que a redação seja deixada para o final da prova porque o aluno pode se perder com o tempo e não conseguir concluir o texto. Mas não vejo problema em ler o tema, anotar as primeiras ideias e deixar a cabeça trabalhar um pouco o amadurecimento do tema enquanto faz algumas questões objetivas. Afinal, várias ideias e referências podem aparecer na mente, enquanto questões objetivas são resolvidas”, explica Fabiula.
“Para definir o melhor método, o ideal é manter o que foi testado nos simulados ao longo do ano e não mudar de estratégia no dia da prova, pois isso pode provocar ansiedade e prejudicar o desempenho. Em resumo, minha recomendação é a de que a candidata ou o candidato faça, na prova oficial, aquilo que se acostumou a fazer durante o treinamento”, conclui a coordenadora.
Estar atento à estrutura exigida por cada vestibular ou exame – “No Enem, por exemplo, o texto deve ter introdução, com tese, desenvolvimento argumentativo e conclusão com proposta de intervenção. Então, o primeiro passo, após análise da proposta, é entender se a frase temática é um problema ou uma questão que deve ser problematizada”, diz Neubern. Isso é importante porque a argumentação girará em torno das causas e consequências do problema que será solucionado via proposta de intervenção.
Para ajudar os estudantes em preparação para o Enem, a coordenadora dá o passo a passo para conquistar uma boa nota na redação:
1. Leia a frase temática sublinhando as palavras-chave, ou seja, delimite o tema e o seu recorte. Nessa leitura já é possível identificar se o tema trouxe o problema a ser discutido ou não;
2. Na leitura da coletânea, destaque as causas e consequências do problema tematizado, pois isso ajudará na composição da tese.
3. Anote as ideias de repertório que surgirem na mente durante a leitura;
4. Faça o projeto de texto, considerando a tese, as ideias centrais dos argumentos e os elementos da proposta de intervenção (agente, ação, modo/meio, efeito e detalhamento). Decida quantos, quais e em que momento do texto aparecerão os repertórios;
5. Escreva o rascunho atentando-se ao desenvolvimento completo dos argumentos e à produtividade do repertório;
6. Faça ajustes e revisão gramatical;
7. Passe a limpo na folha oficial e, depois, faça uma última revisão gramatical.
Confira cinco assuntos indicados pela equipe de redação do Poliedro Curso para prováveis temas neste ano:
1. Educação financeira
2. O trabalho no século XXI e em meio à pandemia
3. Adoção
4. Sedentarismo e obesidade
5. Acesso à internet
Redação nota 1000 – Veja um modelo redigido pela coordenadora do Poliedro Curso, Fabiula Neubern:
Na obra intitulada Sociedade do Cansaço, o filósofo Byung-Chul Han analisa a contemporaneidade e uma de suas marcas principais: a exaustão oriunda de uma cultura da alta performance e da produtividade que desemboca em problemas de saúde mental.
Nesse sentido, a autocobrança por desempenho e felicidade desse modelo seriam responsáveis por um estado constante de sofrimento psíquico.
Quando a sociedade não compreende esse contexto, passa a estigmatizar doenças mentais, comportamento que é causado pela desinformação e pelo preconceito, os quais criam barreiras para que esse modelo seja repensado e, ao mesmo tempo, impedem que aqueles que precisam de tratamento recebam a atenção devida e o respeito necessário.
Esse modelo de vida que se exaure em cobrança é alimentado pelas redes sociais. Assim, os feeds estão repletos de sorrisos e prazer, ao passo que a realidade de muitos está cheia de angústia, ansiedade e dor. Esse imperativo da felicidade, conjugado à falta de informação e preconceito a respeito das diferenças entre o sofrimento humano e as doenças mentais fazem com que muitos que precisam de tratamento não procurem ajuda, pois são vistos como “frescurentos” e “fracos”. Enquanto isso, alimenta também a negligência e a precariedade das políticas de tratamento.
Além disso, tal estigmatização é agravada pelo descaso governamental. O corte de verbas destinadas aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) recentemente noticiado é uma validação institucional do desprezo pelas pessoas psicoatípicas. Nesse contexto, há 11,5 milhões de brasileiros depressivos, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, os quais precisam de ajuda, mas acabam tendo sua inserção social ainda mais comprometida. Dessa forma, o abandono do Estado endossa discursos capacitistas, responsáveis por taxar essas pessoas de “loucas”, “retardadas”, entre outros exemplos do uso da língua, que reforçam esse preconceito e que vão contra os ideais de igualdade que pautam sociedade democráticas.
Portanto, é fundamental que o estigma relacionado às doenças mentais existente na sociedade brasileira seja combatido. Nesse sentido, de imediato, o Governo Federal deve retomar as verbas às Caps e aprofundar as políticas públicas de tratamento das doenças mentais. Além disso, as escolas, em todos os níveis, ou seja, do ensino infantil ao universitário, devem promover o acolhimento e o mapeamento do tema, por meio de uma educação crítica e informativa a respeito do que é sofrimento e do que é doença. Isso pode acontecer em palestras, que expliquem o capacitismo, rodas de conversa para diferenciar terapia, voltada ao sofrimento, e programas de tratamento psiquiátrico, voltados ao controle das doenças, por exemplo. Somente assim será possível oferecer ajuda a quem precisa, combater a estigmatização e repensar nosso modelo de vida, analisado por Byung-Chul Han, que cada vez mais nos torna doentes.
Observações: o texto acima foi escrito de maneira a simular a experiência do vestibular e seguindo as orientações que são transmitidas aos alunos do Poliedro Curso. Portanto, o tempo de elaboração ficou em 1h30 minutos. As etapas de elaboração foram: leitura do tema e anotação das primeiras ideias, planejamento textual, rascunho, revisão e digitação.